Lição Nº 1 da EBD da Revista REVISTA GÁLATAS E EFÉSIOS – A VERDADEIRA
LIBERDADE E A UNIDADE DO CORPO DE CRISTO
LÇÃO 1 – GÁLATAS 1: A INCONSTÂNCIA DOS GÁLATAS
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em Gálatas 1 há 24 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com os alunos, Gálatas 1.1-24 (5 a 7 min.). A revista funciona como guia de estudo e leitura complementar, mas não substitui a leitura da Bíblia. Caro professor, hoje iniciaremos uma jornada empolgante por alguns escritos paulinos; e como ponto de partida, vamos nos debruçar sobre um dos documentos mais poderosos produzidos pela pena de Paulo: a carta aos Gálatas. Sua importância singular deriva de seu tema central que se desenvolve à medida que o apóstolo discorre sobre a questão teológica mais sensível das primeiras gerações da Igreja cristã: como o Evangelho da salvação impacta a divisão entre judeus e gentios? Os cristãos gálatas tornaram-se objeto de certo “interesse missionário” por parte daqueles que comumente são denominados judaizantes. Para fazer frente a esse falso ensinamento, Paulo escreve uma carta de caráter fortemente apologético às igrejas recém-plantadas durante sua primeira viagem missionária.
OBJETIVOS
- Compreender a legitimidade do Evangelho da graça.
- Refutar falsos mestres.
- Defender a autoridade ministerial de Paulo.
PARA COMEÇAR A AULA
Falsos ensinos são potencialmente danosos para a Igreja do Senhor. Inicie a aula ressaltando a preocupação de Paulo com respeito a esse fato e, para tal, demonstra a seus alunos que desde a saudação inicial (1.1-4). O apóstolo já começa a desenvolver temas teológicos fundamentais, a saber: a natureza da autoridade apostólica, a expiação e a soberania divina. Tenha em mente que esses e outros temas são aventados pelo apóstolo no decorrer da epístola como um real antídoto ao veneno dos judaizantes. Bons estudos!
LEITURA ADICIONAL
Os mestres judaizantes tinham persuadido os gálatas de que Paulo lhes tinha ensinado a nova religião imperfeitamente e de segunda mão; que o fundador de sua igreja só possuía uma comissão em representação de outros, pois o selo da verdade e autoridade tinham os apóstolos que estavam em Jerusalém. Além disso, que apesar do que pudesse professar entre eles, Paulo mesmo em outras ocasiões e em outros lugares tinha apoiado a doutrina da circuncisão. Para refutar isto, ele apela à história de sua conversão, e à sua entrevista com os apóstolos quando se encontrou com eles em Jerusalém e declara que longe de ser derivada deles a doutrina que ele ensina, ou que eles exercessem sobre ele alguma superioridade, eles simplesmente aprovaram o que ele tinha pregado já entre os gentios; pregação que não foi comunicada a ele por eles, mas sim a eles por ele [Paley]. Semelhante epístola apologética não poderia ser uma falsificação posterior, pois as objeções aparecem só incidentalmente, não sendo introduzidas forçadamente como teria feito um falsificador; e também são objeções que só poderiam suscitar-se nos primeiros tempos do cristianismo, quando Jerusalém e o judaísmo ainda ocupavam um lugar proeminente.
Livro: Comentário Crítico e Explicativo de toda a Bíblia: Gálatas (Jamieson-Fausset-Brown, Hendrickson Pub, 1996, Pg. 7).
Texto Áureo
“Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.” Gl 1.8
Verdade Prática
Os fundamentos da fé cristã são exclusivamente a morte vicária e a ressurreição do Filho de Deus.
Leitura Bíblica Com Todos: Gálatas 1.1-24
INTRODUÇÃO
I- SAUDAÇÃO APOSTÓLICA 1.1-5
1- Paulo, apóstolo de Jesus 1.1
2- Irmãos e companheiros 1.2
3- Graça e paz da parte de Deus 1.3
II- A INCONSTÂNCIA DOS GÁLATAS Gl 1.6-9
1- O espanto de Paulo 1.6
2- O outro evangelho 1.7
3- Anátema é maldito 1.8
III- PAULO, A PROVA VIVA 1.10-24
1- Agradar a Deus ou aos homens? 1.10
2- De perseguidor a apóstolo 1.13
3- Primeiras experiências 1.23
APLICAÇÃO PESSOAL
DEVOCIONAL DIÁRIO
Segunda – Gálatas 1.4
Terça – Gálatas 1.9
Quarta – Gálatas 1.11
Quinta – Gálatas 1.12
Sexta – Gálatas 1.20
Sábado – Gálatas 1.23
Hinos da Harpa: 258 – 273
INTRODUÇÃO
Neste trimestre iniciamos uma jornada pelas cartas apostólicas de Gálatas e Efésios. São dois escritos canônicos de profunda significação para o exercício da fé em Cristo Jesus. Ambas as Cartas trazem no seu bojo ensinamentos considerados fundamentais para a plena saúde espiritual de todo cristão. A carta de Paulo aos gálatas é uma poderosa mensagem para a Igreja de nossos dias e é dedicada à defesa do verdadeiro Evangelho da graça. Aqueles crentes estavam sofrendo ataques de judeus que alegavam estar “convertidos” a Cristo, mas queriam que os cristãos se submetessem aos rituais do judaísmo como condição para a salvação. Os legalistas queriam impor aos gentios convertidos a prática da circuncisão e a observância da Lei mosaica como um adendo à obra redentora de Cristo na cruz. Essas imposições trouxeram inúmeros prejuízos à fé dos gálatas e consequentes confusões no seio da Igreja. Esse escrito de Paulo é uma exortação para nos comunicarmos contra aqueles que querem perverter “a fé que uma vez foi dada aos santos”.
I- SAUDAÇÃO APOSTÓLICA (1.1-5)
A carta aos Gálatas é amplamente reconhecida como a “Declaração da Independência Cristã”. Escrito por Paulo, este texto apostólico pode ser considerado o primeiro livro canônico do Novo Testamento. Com base na cronologia histórica mais aceita, a carta foi escrita por volta do ano 49 d.C., durante a permanência de Paulo em Antioquia da Síria, logo após sua primeira viagem missionária, e antes do Concílio de Jerusalém descrito em Atos 15.
1- Paulo, apóstolo de Jesus (1.1)
Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos.
Em suas primeiras palavras, o apóstolo Paulo é bastante incisivo ao reafirmar a sua condição de apóstolo. Os judaizantes rejeitavam Paulo e seu ministério sob a alegação de que ele não fazia parte do colégio apostólico original. Paulo se defende e diz que recebeu a missão apostólica diretamente de Deus. Na introdução da carta ele já deixa claro o teor do conteúdo da obra, qual seja, a sua autoridade apostólica e o Evangelho da graça. Ele cita Deus, a morte e a ressurreição de Cristo e seu chamamento para ser embaixador de tudo isso. A experiência no caminho de Damasco é o atestado de seu apostolado (Atos 9).
2- Irmãos e companheiros (1.2)
(…) e todos os irmãos meus companheiros, às igrejas da Galácia.
Gálatas foi endereçada a um conglomerado de Igrejas, tais como Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derbe. Todas foram plantadas por Paulo na parte sul da região da Galácia (Atos 13 e 14). Tudo indica que Paulo a escreveu depois de sua primeira viagem missionária, possivelmente de Antioquia da Síria. Esses “irmãos” seriam obreiros que foram marcantes nas caminhadas missionárias de Paulo. A palavra “todos” dá a entender unanimidade de pensamento entre o apóstolo e seus companheiros de missão. Paulo demonstra que o exercício do ministério não é isolado, e que não se considera autossuficiente. A expressão “irmãos”, usada aqui, não significa apenas fraternidade, mas tem relação com proximidade e compromisso.
3- Graça e paz da parte de Deus (1.3)
Graças a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
A palavra “graça” (do grego cháris) tem o sentido de “inclinar-se”. Paulo usa esse termo sete vezes na carta. A doutrina da graça que acena para o pecador é o fundamento de toda a teologia paulina. A expressão “pela graça sois salvos” é a base da soteriologia bíblica na qual cremos. A “paz” (do grego eiréne e do hebraico shalom) aparece imediatamente após “graça”. Podemos entender que a paz é o resultado da salvação operada pelo Espírito Santo no pecador. A graça é a origem dessa salvação; é o favor divino que não pode ser confundido com meritocracia. Hendriksen define a graça como sendo “o favor espontâneo e imerecido de Deus em ação, a operação de sua benevolência derramada livremente, dando a salvação aos pecadores que correm a Ele em busca de refúgio”. Quem escreve aos gálatas é um judeu puro sangue, criado aos pés de Gamaliel, e profundo conhecedor dos rituais do primeiro Testamento. Não há dúvidas de que esse fato facilitou o seu entendimento de como a Lei se cumpriu em Cristo. Paulo vai usar toda essa bagagem nos seus embates com os judaizantes legalistas.
II- A INCONSTÂNCIA DOS GÁLATAS (Gl 1.6-9)
Após saudar as Igrejas da Galácia e lembrar-lhes do sacrifício de Cristo que redime o pecador, Paulo adentra nas questões que o motivaram a escrever a epístola. Ele passa uma repreensão bem contundente naquelas comunidades cristãs. É uma verdadeira correção apostólica. Todos nós precisamos receber “puxões de orelha” na caminhada de fé. O aprimoramento de um cristão e de uma Igreja é um processo árduo. As correções que recebemos podem ser duras, mas são curadoras e contribuem para o nosso aperfeiçoamento espiritual.
1- O espanto de Paulo (1.6)
Admiro-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho.
A verdade é que um cristão ou uma comunidade qualquer podem, em algum momento da caminhada, vir a ter dificuldades para viver algum aspecto da fé. Todavia, sofrer um desmonte na fé é coisa bem diferente. Paulo fica perplexo ao ver a rapidez com que os seus filhos espirituais perdem a firmeza na fé. As investidas dos legalistas abriram feridas na estrutura espiritual e doutrinária daqueles cristãos. Paulo os evangelizou e discipulou por um bom tempo e parece não acreditar em tanta vulnerabilidade. Um verdadeiro retrato de uma “casa edificada sobre a areia e não sobre a rocha” (Mt. 7.24-27).
2- O outro evangelho (1.7)
O qual não é outro, mas alguns querem transtornar o evangelho de Cristo.
Ao mesmo tempo em que Paulo fala de “outro evangelho”, ele diz que este não se trata de Evangelho. A palavra evangelho tem origem grega e significa “boas notícias”. Trata-se do anúncio do Reino de Deus por Jesus e Seus apóstolos. O outro “evangelho” a que Paulo se refere trata-se de um “engodo”, isto é, a adulteração da real mensagem de Cristo. O evangelho dos judaizantes não tem a mesma essência do Evangelho de Cristo pregado por Paulo aos gálatas.
3- Anátema é maldito (1.8)
Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.
Depois de falar da apostasia daquela igreja e da ação nociva dos falsos mestres, Paulo afirma a singularidade do Evangelho evocando a maldição divina para todos aqueles que pervertem sua mensagem e perturbam a Igreja com falsas doutrinas. Nem Paulo e nem mesmo um anjo poderia alterar a mensagem do Evangelho da graça. O Evangelho não pertence a homem algum, e isso o torna imutável. O evangelho simples é um canal de bênção, mas o adulterado é caminho de maldição. O termo “anátema” utilizado no texto denota uma sentença de condenação. No entanto, não se trata aqui de jogar pragas contra alguém ou simplesmente impor uma disciplina. Os que maculam o Evangelho tornam-se malditos porque distorcem a Palavra de Deus e passam a estar debaixo de sua reprovação (Ap 22.18). Ο crente precisa entender que o Evangelho de Cristo não carece de apêndices ou adaptações.
III- PAULO, A PROVA VIVA (1.10-24)
Os ataques ao apóstolo e ao seu ministério eram intensos. Após fazer duras exortações aos irmãos da Galácia sobre a inconstância na fé destes, o apóstolo começa a expor as bases do seu chamamento apostólico.
1- Agradar a Deus ou aos homens? (1.10)
Porventura, procuro, agora, o favor dos homens ou de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda aos homens, não seria servo de Cristo.
Os judeus “convertidos” à fé cristã diziam que a salvação somente pela graça levaria os gálatas a viverem uma vida sem responsabilidade quanto à santidade, uma vez que estavam desobrigados das observâncias da Lei. Paulo diz que não tem por missão agradar a homens, uma vez que o Evangelho que anuncia tem origem no próprio Deus, e que o recebeu por revelação de Jesus Cristo. Os judaizantes viam a liberdade evangélica pregada por Paulo como uma apologia ao relaxamento espiritual, mas o apóstolo quer enfatizar que Cristo fez o suficiente para a redenção do pecador. O crente não é salvo por aquilo que faz, mas por aquilo que Cristo já fez de forma completa em sua morte vicária e ressurreição gloriosa.
2- De perseguidor a apóstolo (1.13)
Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a Igreja de Deus e a devastação.
Falsos mestres se infiltraram na Igreja, tentando acrescentar exigências legalistas ao evangelho da graça. Paulo reiterou a verdade da salvação a saber, somente pela graça e mediante a fé em Cristo – compartilhando então a história de sua milagrosa conversão. Paulo era um mestre da Lei. Após sua conversão, duas coisas passaram a ser manchete no mundo religioso de então:
a) A forma agressiva com que ele tratava os cristãos e seus líderes. Diante dos gálatas, ele usa as expressões “perseguia” e “assolava” para demonstrar o quanto fora cruel com os cristãos;
b) A mudança de rumo e sua intrepidez na defesa da fé que outrora ridicularizava. Nosso irmão Paulo era uma prova viva de que Cristo transforma o mais vil pecador, inclusive os religiosos, em nova criatura para glória de Deus (1.24).
3- Primeiras experiências (1.23)
Ouviam somente dizer: Aquele que, antes, nos perseguia, agora, prega a fé que, outrora, procurava destruir.
Paulo afirma que seu chamamento se deu como o de Jeremias, ou seja, antes de haver nascido (1.15). Diz que após conhecer a Cristo, passou um período de três anos na Arábia e Damasco. Tudo indica que é nesse tempo que ele passa por uma espécie de retiro espiritual. Então, o abalizado conhecimento que ele tinha sobre o Antigo Testamento se entrelaçam com as revelações do verbo encarnado. Ele recebe a iluminação de Cristo e se torna o maior expositor do Evangelho de todos os tempos. “Decorridos três anos, então, subi a Jerusalém para avistar-me com Cefas e permaneci com ele quinze dias” (Gl 1.18). Durante duas semanas esses dois homens de Deus conversaram sobre as questões cruciais da fé cristã. Sabendo que Pedro era um importante líder e referência apostólica, Paulo demonstra humildade em sua posição, ainda que fosse grande erudito e famoso em Israel. Demonstrou que saber servir à Igreja e ao Reino de Deus também passa pelo respeito com seus pares e líderes. Que Deus nos ajude a imitá-lo.
APLICAÇÃO PESSOAL
O desafio da Igreja é o mesmo. Os falsos mestres continuam disseminando suas heresias, ferindo pessoas que poderiam ser úteis ao Reino. Como Paulo, devemos ser destemidos defensores do Evangelho de Cristo.
RESPONDA
1) Qual o fundamento da fé cristã?
R. A morte vicária do Filho de Deus
2) O que significa a palavra de origem grega “Evangelho”?
R. Significa boas notícias.
3) Cite uma característica que o apóstolo Paulo demonstrou indo a Jerusalém.
R. Humildade.
MEUS COMENTÁRIOS:
GÁLATAS apresenta Jesus Cristo, Nossa Liberdade
Esta epístola demonstra que o crente já não está debaixo da lei, mas é salvo pela fé somente. Para a liberdade foi que Cristo nos libertou (5:1). A “lei” é a parte da Palavra de Deus que se encontra nos primeiros cinco livros de Moisés (Gênesis a Deuteronômio) e servia de orientação para todos os aspectos da vida de Israel.
Durante a sua segunda viagem missionária (Atos 16:6), Paulo demorou na Galácia por motivo de saúde (Gálatas 4:13). Ainda que doente, esse incansável servo do Senhor não pôde permanecer calado, mas continuou a pregar o Evangelho. O tema dos seus sermões era “Cristo crucificado” (3:1). Foi nessa época que ele fundou as igrejas da Galácia (1:6). Espalhavam-se pela zona rural e eram formadas por gente do interior. Certos mestres da lei tinham seguido Paulo, ensinando salvação pelas obras e declarando que, mesmo sendo o verdadeiro Cristianismo, os cristãos deviam ser circuncidados, e praticar todas as obras da lei. Esses mestres diziam que Paulo não ensinava isso porque não era verdadeiro apóstolo e tinha aprendido sua doutrina com outros. Isto veio a perturbar os novos convertidos.
A circuncisão era o rito inicial da religião judaica. Se um gentio quisesse tornar-se judeu, tinha de observar a lei cerimonial.
Os falsos mestres começaram a fascinar o povo (3:1), dizendo que deviam guardar todas as cerimônias da lei. Paulo queria que eles soubessem que coisa alguma, nem os fetiches, nem as obras, nem as cerimônias, poderiam levá-los a Cristo. A salvação vem pela fé em Cristo, e nada mais.
Por serem muito volúveis e gostarem de novidades, os gálatas estavam quase aceitando as opiniões desses falsos mestres. Quando Paulo soube disso, escreveu a carta de próprio punho, por considerar o assunto muito urgente e não ter ninguém perto para escrevê-la (6:11).
Alguém disse que o Judaísmo foi o berço do Cristianismo, e por pouco não foi o seu túmulo. Deus levantou Paulo como o Moisés da Igreja cristã, para livrar os cristãos dessa escravidão. Esta carta contribuiu mais do que qualquer outro livro do Novo Testamento para libertar a fé cristã do Judaísmo (da lei), e do fardo da salvação pelas obras, ensinada por tantos falsos cultos, que têm ameaçado o Evangelho simples de nosso Senhor Jesus Cristo. Tanta gente quer fazer alguma coisa para salvar-se. A pergunta do carcereiro de Filipos: Que devo fazer para que seja salvo? é levantada pelas multidões. A resposta é sempre a mesma: Crê no Senhor Jesus, e serás salvo (Atos 16:31).
Uma religião sem a cruz não é a religião de Cristo. Ele não veio ao mundo simplesmente para abrir caminho através de uma floresta densa, nem para se tornar o exemplo de um viver verdadeiro. Ele veio para ser o Salvador.
O Poder da Cruz
Para livrar do pecado 1:4; 2:21; 3:22
Para livrar da maldição da lei 3:13
Para livrar do egoísmo 2:20; 5:24
Para livrar do mundo 6:14
No novo nascimento 4:4-7
Em receber o Espírito Santo 3:14
Em produzir o fruto do Espírito 5:22-25
A carta aos Gálatas é a Declaração de Independência do cristão. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres (João 8:36). Há pessoas que julgam que as restrições destroem a liberdade. O oposto é que é verdade. Quando entramos num jardim público, logo damos com avisos: “Não pise na grama”, “E proibida a entrada de cães”, “É proibido apanhar flores”. Essas leis foram feitas para preservar o jardim. Se não tivessem sido estabelecidas, o local em breve se tornaria um simples terreno baldio. Assim é com a sociedade em geral. Se nos revoltássemos contra Deus e sua ordem, a civilização se tornaria em barbarismo. E o que está acontecendo no mundo hoje. Liberdade não é independência da lei — isso é licenciosidade. Liberdade é independência dentro da lei. Paulo fala da liberdade que temos “em Cristo” (2:4), pois onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade (3:17).
Essa é a liberdade de que este livro trata. Por isso aprofunde-se em Gálatas e deixe que ele o sature. Aprenda o que é ser livre em Cristo. Jesus disse: Já não vos chamo servos . . ., mas tenho-vos chamado amigos (João 15:15).
Este livro contrasta a lei e a graça
Em Romanos descobrimos a nossa posição.
Em Gálatas, tomamos posição.
Paulo nos ensina
Em Romanos, a usar o intelecto para nos apossarmos das grandes verdades do Cristianismo.
Em 1 Coríntios, a estender a mão para alcançarmos os nossos privilégios em Cristo.
Em 2 Coríntios, a erguer o coração para recebermos as consolações que nos pertencem.
Em Gálatas, a firmar os pés na liberdade que Cristo nos dá.
INTRODUÇÃO (Gálatas 1:1-11)
Esta é a única vez em todos os seus escritos, que Paulo não expressa seus agradecimentos. Ao contrário, ele diz: Admira-me. E a única igreja de que não pede orações. Como podia fazê-lo, se eles estavam desonrando o Senhor? (1:1-5).
Paulo admira-se de que esses novos crentes tão cedo tivessem abandonado o Evangelho da liberdade para aceitar a mensagem judaica, que não era nenhum Evangelho. Duas vezes ele lança maldição sobre os causadores do problema. Ele diz que se um anjo do céu viesse pregar qualquer outro Evangelho diferente do que ele pregava, que fosse anátema (1:8, 9).
Que Evangelho era esse pregado por Paulo? O Evangelho de Paulo deixava de fora as obras. Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e, sim, mediante a fé em Cristo Jesus . . . pois por obras da lei ninguém será justificado (2:16).
A dificuldade para a nossa salvação não consiste em procurarmos ser suficientemente bons para sermos salvos, mas em chegarmos a ver que somos tão maus que precisamos de salvação. Cristo só pode salvar pecadores. A graça não pode começar até que a lei tenha provado que somos culpados, como nos mostra a carta aos Romanos. Aí, então, Cristo nos oferece a sua justiça.
Um Evangelho em que a lei e a graça se misturem, não tem poder. Os falsos mestres desse tipo de Evangelho são anátemas porque pervertem o Evangelho. Eles admitiam a morte de Cristo na cruz, mas negavam que somente a fé em seu sacrifício era suficiente para a salvação. Ensinavam que, para ser salvo, o homem precisava observar ao menos uma parte da lei. Julgavam que a simples fé, de acordo com o Evangelho que Paulo pregava, não era suficiente para a salvação. O povo gosta dessa espécie de pregação porque sente que pode fazer alguma coisa para alcançar mérito diante de Deus.
Paulo mostra como é séria a nossa condição sem Cristo. Quando um médico especialista diz: “Sua única esperança é isto ou aquilo”, você sabe que a sua condição é crítica e séria. Aqui temos as palavras de uma grande autoridade no Evangelho. Paulo declara que a nossa condição é muito grave e que o Evangelho da graça de Deus é a nossa única esperança. Não há outra.
Paulo apresenta a expiação (1:4), uma verdade que antes lhes fora tão cara, mas agora está praticamente rejeitada: Cristo entregou- se a si mesmo pelos nossos pecados.
PAULO DEFENDE O SEU APOSTOLADO (Gálatas 1:12-2:21)
O ensino de Paulo tinha a aprovação do próprio Deus (1:11-24). Ele prova que recebeu seu Evangelho diretamente do Senhor. Só Deus poderia tê-lo transformado de homicida em pregador.
Há muitas coisas que aprendemos pela experiência, mas com as coisas de Deus não é assim. Para conhecê-las, é preciso que nos sejam reveladas. Porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo (1:12).
Paulo não consultou ninguém sobre o que deveria pregar, mas retirou-se para o deserto da Arábia por três anos e ali ouviu a Deus. Esteve apenas quinze dias com Pedro e Tiago, por isso não poderia ter aprendido muita coisa com eles.
A autoridade do Evangelho de Paulo aparece em sua repreensão de Pedro (2:11-21). Para provar que Pedro não era apóstolo maior que ele, Paulo salienta em Gálatas 2:11-21 como repreendeu a Pedro abertamente por sua atitude dúbia com respeito a costumes judaicos quando ele estava em Antioquia. Ele não fez nenhuma tentativa secreta para solapar a autoridade de Pedro. Paulo não era dominado por esse grande apóstolo dos judeus. O versículo 11 é um argumento irrespondível contra a supremacia de Pedro. Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem (1:11). É bom saber que a amizade de Pedro e Paulo era tão genuína que suportou aquela severa prova (2 Pedro 3:15).
O que quer dizer justificado? Deus leva a meu crédito o que Cristo fez, como se eu mesmo tivesse feito. Quando um criminoso é perdoado, ele não pode ser considerado justo. Mas a justificação é o ato de Deus pelo qual ele não só nos perdoa, mas também nos atribui a justiça de Cristo. Deus justifica o pecador sem justificar o seu pecado. Ele nos dá uma justiça que não é nossa, mas de Cristo.
Como somos justificados? Não por obras (2:16, 17). As obras estão excluídas. Não somos justificados pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo.
Não há graus de justificação. No momento em que cremos em Cristo, somos feitos justos.
A justificação vem Por Deus Romanos 3:26; 8:33
Pela graça Romanos 3:24
Pelo sangue Romanos 3:25; 5:9
Pela fé Romanos 3:21-28
Paulo termina sua grande defesa com uma palavra pessoal de testemunho que nos dá um quadro completo da vida cristã, do ponto de vista positivo e negativo. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim (2:20). Este é um verdadeiro paradoxo.
Este versículo é verdadeiro em relação a todo crente. Não precisamos ser crucificados com Cristo. Já fomos crucificados com ele. Ele morreu em nosso lugar. Vivemos agora não pela lei, mas pela fé. Cristo foi nosso sacrifício pelo pecado e agora é a nossa suficiência para a nova vida. A vida cristã é um morrer diário — morrer diário para o eu e o pecado. O Salvador crucificado é que vive naqueles que participam da sua crucificação.