Lição 04: Jeremias 18 a 20 – Como Barro nas Mãos do Oleiro

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em Jeremias 18 a 20, há 56 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com os alunos, Jeremias 18.1-23 (5 a 7 min.). A revista funciona como guia de estudo e leitura complementar, mas não substitui a leitura da Bíblia. Este estudo aborda a metáfora do oleiro e do barro, simbolizando a soberania de Deus para moldar e transformar Seu povo. Você deve enfatizar a importância da submissão à vontade divina, contrastando a esperança representada pelo barro moldável com a irreversibilidade do juízo simbolizado pela botija quebrada. Jeremias, mesmo preso e lançado na cisterna, permanece fiel à sua missão, demonstrando que servir a Deus pode exigir sacrifícios. Proponha atividades práticas, como modelar argila, para ilustrar como Deus nos molda. Discuta como a resistência à correção divina leva à destruição, enquanto a humildade abre caminho para a restauração. Ressalte que, assim como Jeremias confiou na justiça de Deus (20.11-13), devemos crer que Ele age mesmo quando não entendemos Seus planos.

 

OBJETIVOS
– Analisar as consequências espirituais da quebra da aliança com Deus.

– Perceber o simbolismo das ações proféticas de Jeremias.

– Valorizar a fidelidade como a parte essencial da aliança com Deus.

 

PARA COMEÇAR A AULA
Utilize um objeto de barro ou cerâmica como tijolo, telha ou revestimento – e escreva nele a palavra “pecado”. Explique que onde há pecado há endurecimento do coração. Mostre que, às vezes, o vaso precisa ser quebrado e reduzido a pó para que Deus possa recomeçar Sua obra. Reflitam juntos: o que Deus quer transformar em nós hoje?

 

LEITURA ADICIONAL
O Oleiro e o Barro (18.1-17). Jeremias foi informado que a mensagem de Deus o esperava na casa do oleiro, para onde ele agora se dirigia. Enquanto observava o trabalho, ficou claro para ele qual era a função do oleiro, das rodas, e do barro. Enquanto observava a hábil mão do oleiro amassando o barro, percebeu que uma mensagem de Deus estava começando a se formar na sua mente. Diante dos olhos do profeta um vaso requintado começava a tomar forma. Então, subitamente, para a surpresa de Jeremias, o vaso se quebrou na mão do oleiro. Será que uma onda de profunda tristeza tomou conta do oleiro? Se sim, isso não o refreou de usar suas hábeis mãos. Ele quebrou o vaso desfigurado em uma massa disforme e começou novamente a amassar o barro. Depois de trabalhar e refinar o vaso, ele voltou (nota de rodapé da KJV: “retomou e fez”) a fazer outro vaso. O simbolismo do incidente (18.1-6). Deus falou a Jeremias, e a mensagem veio de maneira clara e contundente à sua mente. Deus é o oleiro, Israel é o barro, e, evidentemente, as rodas representam as circunstâncias da vida. O tempo todo Deus tinha um propósito para Israel. Nas rodas da vida, Deus tem realizado seu propósito para a nação. Mas, algo aconteceu para estragar o plano de Deus. Algo em Israel – “uma pedra de tropeço” ou “uma rocha de ofensa” – desfigurou a obra do Artesão. Deus está triste com a impureza da vida da nação. As coisas não podem continuar como estão. Nessa situação, somente o perdão não será suficiente. O juízo é inevitável. Não há outro jeito senão quebrar e refinar a forma de vida nacional existente, e então tornar a fazer um outro vaso.
Livro: Comentário Bíblico Beacon: Isaías a Daniel (Ross E. Price, C. Paul Gray, J. Kenneth Grider, Roy E. Swim. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 307).

 

Texto Áureo
“Como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.” Jr 18.6

 

Verdade Prática

Deus molda o Seu povo como o oleiro o barro, chamando à obediência e ao arrependimento.

 

Leitura Bíblica Com Todos:
Jeremias 18.1-23

 

INTRODUÇÃO

I- DESCE À CASA DO OLEIRO 18.1-23
1- A importância de ouvir a Palavra de Deus 18.2
2- A casa do oleiro 18.6
3- Apenas barro 18.10

II- UMA BOTIJA QUEBRADA 19.1-15
1- Compre uma botija de oleiro 19.1
2- Vale de Hinom, Tofete, matança 19.6
3- Botija quebrada 19.11

III- A PRISÃO NO TRONCO 20.1-18
1- A Prisão de Jeremias 20.2
2- Desabafo do profeta 20.7
3- Confiança na justiça divina 20.11

APLICAÇÃO PESSOAL

 

INTRODUÇÃO
Os capítulos 18 a 20 de Jeremias trazem mensagens fortes sobre a soberania de Deus, o juízo sobre Judá e o sofrimento do profeta. Deus usa a metáfora do oleiro e do barro para mostrar que Ele molda e transforma aqueles que se submetem à Sua vontade, mas também para mostrar que Ele pode rejeitar os que endurecem o coração, como simboliza a botija quebrada. Já no capítulo 20, vemos o lamento de Jeremias diante da perseguição e prisão.

 

I- DESCE À CASA DO OLEIRO (18.1-23)
O oleiro é um artesão que fabrica vasos e utensílios de cerâmica a partir do barro. Esse ofício é um dos mais antigos da humanidade e tem grande valor simbólico na Bíblia. Deus usa a imagem do oleiro para revelar Sua soberania sobre Israel: assim como o oleiro molda o barro, Deus tem autoridade para edificar, transformar e disciplinar o Seu povo.

1- A importância de ouvir a Palavra de Deus (18.2)
Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? – diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.
Ao ordenar que Jeremias descesse à casa do oleiro, Deus lhe ensina que obedecer requer disposição e humildade. Muitos ignoram essa voz por orgulho ou autossuficiência, pois confiam mais em sua experiência e conhecimento do que na direção de Deus. Contudo, a verdadeira transformação vem da submissão à Sua Palavra. A mensagem de Jeremias a Israel era clara: se o povo se arrependesse, Deus o restauraria; caso contrário, enfrentaria o juízo divino. O mesmo princípio se aplica hoje. O coração endurecido impede que a vontade de Deus seja realizada na vida das pessoas, tornando-as como vasos rachados, incapazes de receber o que Deus deseja derramar. Muitos servos de Deus na Bíblia buscaram ativamente ouvir Sua voz. Moisés subiu ao monte e recebeu os mandamentos; Samuel aprendeu a discernir a voz do Senhor desde a infância; os discípulos seguiram a Cristo porque reconheceram que Suas palavras eram de vida eterna. Assim como Jeremias obedeceu prontamente à ordem divina, aqueles que dão ouvidos ao Senhor encontram direção e transformação.

 

2- A casa do oleiro (18.6)
Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o SENHOR; eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.
Na casa do oleiro, Jeremias observa um processo que reflete a relação entre Deus e Seu povo. Ο oleiro molda o barro com paciência, corrigindo imperfeições e dando–lhe uma nova forma quando necessário. Assim também Deus age com Seu povo: Ele não descarta aqueles que falham, mas os transforma para que cumpram Seu propósito. O processo do oleiro exige habilidade e tempo. Da mesma forma, Deus trabalha na vida do cristão, permitindo experiências que moldam seu caráter. Quando um vaso se quebra, o oleiro pode refazê-lo, mas se o barro endurecer, torna-se inútil. Isso nos ensina que a maleabilidade espiritual – a disposição para ser moldada por Deus – é essencial para cumprir Seu propósito. Na olaria da vida cristã, Deus usa circunstâncias e provações para moldar Seus filhos. Ele deseja que sejamos vasos de honra, úteis para Sua obra. Contudo, aqueles que resistem à Sua vontade podem acabar quebrados, incapazes de serem usados para um propósito nobre.

 

3- Apenas barro (18.10)
Se fizer o que é mau diante de mim, para não dar ouvidos à minha voz, então me arrependerei do bem com que tinha dito que o beneficiaria.
O barro por si só não tem valor, mas, nas mãos do oleiro, pode se tornar um vaso útil. Esse processo inclui purificação, amassamento, moldagem, secagem e queima no forno. Da mesma forma, Deus purifica, disciplina e transforma aqueles que O seguem, tornando-os instrumentos eficazes para Sua obra. Israel acreditava que sua posição como povo escolhido o tornava intocável, mas Deus deixa claro que, se o povo persistisse no pecado, enfrentaria o juízo. O mesmo acontece com o cristão que, ao endurecer o coração, impede que Deus o molde. A verdadeira aliança com Deus não está apenas em palavras ou tradições, mas em um coração disposto a obedecer e se deixar transformar. A metáfora do barro também nos ensina que ninguém é autossuficiente. Sem Deus, somos frágeis e sem propósito, mas em Suas mãos, podemos ser usados para Sua glória. Aqueles que permitem que Deus os molde se tornam vasos de honra, preparados para toda boa obra.

 

 

II- UMA BOTIJA QUEBRADA (19.1-15)
Após a experiência na casa do oleiro, Deus ordena que Jeremias compre uma botija e a quebre diante dos anciãos do povo e dos sacerdotes. Esse ato simbólico representava a destruição irreversível de Judá devido à sua desobediência e idolatria. O povo endureceu o coração, rejeitou a correção divina e agora enfrenta as consequências de seus pecados.

1- Compre uma botija de oleiro (19.1)
Assim diz o Senhor: Vai, e compra uma botija de oleiro, e leva contigo alguns dos anciãos do povo e dos anciãos dos sacerdotes.
A botija simboliza Israel, formado por Deus, mas endurecido pelo pecado. Diferente do barro moldável da casa do oleiro, a botija era rígida e, uma vez quebrada, não poderia ser refeita. Isso mostrava que Judá havia chegado a um ponto sem retorno, tornando inevitável o juízo divino. O profeta deveria levar consigo os anciãos do povo e os sacerdotes para testemunhar a cena. Esses líderes tinham a responsabilidade de guiar espiritualmente a nação, mas falharam ao permitir que a idolatria dominasse Jerusalém. Agora, veriam a consequência de sua negligência e rebeldia. A mensagem era clara: nenhuma posição religiosa ou tradição impediria a disciplina de Deus. O pecado traz consequências e, mesmo que o povo confiasse na presença do templo, isso não o livraria do castigo.

 

2- Vale de Hinom, Tofete, matança (19.6)
Portanto, eis que vêm dias, diz o Senhor, em que este lugar já não se chamará Tofete, nem vale do filho de Hinom, mas o vale da Matança.
O vale de Hinom era um lugar de idolatria e sacrifícios humanos, onde crianças eram oferecidas ao deus Moloque. Deus declarou que esse local, antes palco de rituais profanos, se tornaria um símbolo de destruição e morte. A mudança do nome para “Vale da Matança” indicava que o juízo divino cairia sobre Jerusalém. Os cadáveres dos seus habitantes ficariam expostos e seriam devorados por animais, um destino de vergonha e humilhação. Esse episódio ensina que o pecado pode parecer seguro por um tempo, mas sempre leva ao sofrimento. O lugar onde o povo buscava falsas bênçãos seria o mesmo onde enfrentaria a ira do Senhor.

 

3- Botija quebrada (19.11)
Assim quebrarei este povo e esta cidade, como se quebra o vaso do oleiro, que não pode mais refazer-se.
Jeremias deveria quebrar a botija diante dos líderes, simbolizando a destruição irreparável de Judá. Assim como uma botija quebrada não pode ser restaurada, Jerusalém não escaparia da devastação. A diferença entre a imagem do vaso moldável e a da botija quebrada é clara: na primeira, havia esperança de restauração; na segunda, não havia mais conserto. Endureceu o coração a ponto de seu destino tornar-se irreversível, ainda que mediante arrependimento. Após esse ato, Jeremias retornou ao templo e reafirmou a profecia contra a cidade. Nem o templo nem a religiosidade superficial salvariam Jerusalém. O pecado havia afastado a proteção de Deus e o juízo era inevitável. O coração que se endurece contra Deus pode atingir um nível de rebeldia para o qual já não há conserto.

 

 

III- A PRISÃO NO TRONCO (20.1-18)
Jeremias, por ser fiel à sua missão, sofreu oposições severas, açoites e prisões, mas permaneceu firme, pois sabia que Deus é o advogado do justo. Essa atitude reflete a realidade daqueles que, em todas as épocas, menosprezam, perseguem e até martirizam os servos levantados para proclamar a verdade divina.

1- A Prisão de Jeremias (20.2)
Então, feriu Pasur ao profeta Jeremias e o meteu no tronco que estava na porta superior de Benjamim, na Casa do Senhor. No dia seguinte, Pasur tirou a Jeremias do tronco.
Pasur, sacerdote e chefe da segurança do templo, reagiu com violência à mensagem de Jeremias. O profeta havia proclamado o juízo de Deus contra Judá e comparado a nação a uma botija quebrada. Como resposta, Pasur mandou castigá-lo com açoites e prendê-lo a um tronco, expondo-o à humilhação pública. O tronco era um instrumento de punição usado para imobilizar e torturar prisioneiros. Ele consistia em uma estrutura de madeira, onde a vítima tinha os pés e, em alguns casos, também as mãos e o pescoço presos, forçando-a a ficar em uma posição extremamente desconfortável por um longo período, exposta à humilhação pública. Esse ato reflete uma liderança corrompida, que usa a força para se manter no poder. Quando líderes religiosos precisam recorrer à opressão para silenciar a verdade, é sinal de que há muito tempo perderam a autoridade espiritual. Ainda hoje muitos servos de Deus enfrentam perseguições por se manterem fiéis à Palavra.

 

2- Desabafo do profeta (20.7)
Persuadiste-me, ó SENHOR, e persuadido fiquei; mais forte foste do que eu e prevaleceste; sirvo de escárnio todo o dia; cada um deles zomba de mim.
No dia seguinte, após ser solto, Jeremias anuncia o juízo divino contra Pasur. Seu nome seria mudado para “Terror-Por-Todos-Os-Lados” (2.3), pois ele e sua família seriam levados cativos para a Babilônia, onde morreriam e seriam sepultados longe de sua terra. O castigo de Pasur era um sinal do juízo de Deus sobre toda a nação. Jerusalém passaria por um cerco de aproximadamente 18 meses, resultando em fome, pestes e grande mortandade. Após a invasão babilônica, muitos foram mortos e, os sobreviventes levados cativos. Aqueles que perseguiam o profeta do Senhor sofreram as consequências de seus atos, pois Deus não tem por inocente aqueles que se levantam contra sua Palavra e Seus ungidos.

 

3- Confiança na justiça divina (20.11)
Mas o SENHOR está comigo como um poderoso guerreiro; por isso, tropeçarão os meus perseguidores e não prevalecerão; serão sobremodo envergonhados; e, porque não se houveram sabiamente, sofrerão afronta perpétua, que jamais se esquecerá.
As perseguições e zombarias levaram Jeremias a um profundo lamento. Ele chegou a questionar sua missão e até a desejar não ter nascido. No entanto, a Palavra de Deus era como fogo em seu coração, portanto ele não podia silenciá-la. (2.9). O sofrimento e a rejeição abalaram o profeta, que esperava ver resultados imediatos de sua pregação. No entanto, o propósito do ministério não é garantir aceitação, mas proclamar fielmente a mensagem de Deus. O resultado depende do Espírito Santo e da resposta de cada indivíduo. Mesmo em meio à dor, Jeremias não abandonou sua vocação. A fidelidade a Deus pode trazer oposição e desprezo, mas o Senhor sempre sustenta Seus servos. Ele é quem os justifica, e, no tempo certo, haverá recompensa.

 

APLICAÇÃO PESSOAL
Assim como o oleiro molda o barro, Deus deseja transformar nossa vida segundo Sua vontade. No entanto, se endurecermos o coração, podemos nos tornar como uma botija quebrada e inútil.

 

 

RESPONDA

1) O que Deus ensinou a Jeremias ao mostrar o trabalho do oleiro?
Deus molda e transforma quem se submete à Sua vontade.

2) O que simboliza a botija quebrada diante dos líderes de Judá?
O juízo irreversível devido ao pecado e à idolatria.

3) Como Jeremias expressou sua dor e confiança diante das perseguições?
Sofreu, lamentou, mas confiou no Senhor poderoso.

 

COMENTÁRIOS E RESUMO:

1. A metáfora do oleiro e do barro (Jeremias 18)
Deus leva Jeremias à casa do oleiro para mostrar que, assim como o oleiro molda o barro, Ele tem poder absoluto para formar, corrigir ou refazer o Seu povo. Se o barro se estraga, o oleiro pode recomeçar — mas se endurece, torna-se inútil.

2. A botija quebrada (Jeremias 19)
Jeremias quebra uma botija diante dos líderes de Judá, simbolizando que o juízo de Deus é inevitável quando há endurecimento e rejeição à correção. A botija, já endurecida, não pode ser refeita — diferente do barro maleável.

3. A prisão e o desabafo do profeta (Jeremias 20)
Jeremias é preso por proclamar a verdade. Mesmo sofrendo, ele permanece fiel, expressa sua dor, mas reafirma sua confiança na justiça de Deus.


Aplicação para os dias de hoje

1. Deus ainda molda vidas
Assim como o oleiro, Deus continua moldando corações. Mas isso exige submissão, arrependimento e humildade. Quem se endurece espiritualmente corre o risco de se tornar como a botija — quebrado e sem propósito.

2. A maleabilidade é essencial
Em tempos de crise, orgulho e autossuficiência são barreiras para a ação divina. Deus busca vasos dispostos a serem refeitos, não perfeitos, mas ensináveis.

3. A fidelidade tem preço
Jeremias enfrentou oposição por falar a verdade. Hoje, ser fiel a Deus pode custar reputação, conforto ou aceitação, mas a recompensa é eterna.

4. O juízo é real, mas a restauração também
A mensagem de Jeremias é um alerta: Deus corrige, mas também restaura. O arrependimento abre caminho para uma nova obra, um novo vaso.